“Quando sou fraco, então é que sou forte”

30/12/2014 12:02

“Quando sou fraco, então é que sou forte” – como assim? 

 

Nosso Deus é tão grande, que até dos nossos podres pecados Ele consegue fazer surgir algo bom, para a Sua glória e para o nosso proveito. Como pode? Isso não parece heresia? Acaso de algo mau pode sair algo bom?

Sim, é espantoso, desnorteante! Pra entender isso, antes, precisamos saber que o mal absoluto não existe: o mal é ausência de Deus. Assim, se um pecador entrega com humildade suas quedas na mão do Pai, Ele transforma tudo com Sua misericórdia. Por exemplo, alguém que estava em perigo de se perder na soberba, por se achar um cara “muito iluminado” por Deus, acaba se dando conta, por meio de sua fraqueza, de que é fraco e de que precisa de perdão e de redenção mais do que ninguém.

calvin

A soberba é uma tentação muito comum às pessoas (clérigos ou leigos) a quem Deus confia a direção de pastorais e grupos de espiritualidade. Muitas vezes, inebriadas pelos seus dons – a oratória, o carisma, a clarividência, o conhecimento profundo da doutrina –, as lideranças católicas acabam por confiar demais em suas capacidades, e constroem sobre si um conceito superior à realidade.

São Paulo nos revela, em uma de suas cartas, que Deus lhe deu um “espinho na carne”, a fim fazer com que ele, percebendo a sua fraqueza, não se vangloriasse de seus grandes dons, como as visões sobrenaturais:

“Para que eu não me inchasse de soberba por causa dessas revelações extraordinárias, foi-me dado um espinho na carne, um anjo de Satanás para me espancar, a fim de que eu não me encha de soberba. Por esse motivo, três vezes pedi ao Senhor que o afastasse de mim. Ele, porém, respondeu-me: ‘Basta-te a minha graça, pois é na fraqueza que a força manifesta todo o seu poder’. Portanto, com muito gosto, prefiro gabar-me das minhas fraquezas, para que a força de Cristo habite em mim.”

(II Cor 12,7-9)

A percepção das fraquezas traz o metido de volta à real: somos todos uns ferrados. Ninguém se santifica a si mesmo: Deus é que é o autor da nossa santificação, e pra isso precisamos apenas dizer SIM a Ele. Jamais desesperando e confiando somente nAquele que é, então somos fortes, pois Ele mesmo vem em nosso socorro e faz, por meio de nós, grandes coisas!

“Assim o pecado – que é a pior de todas as desgraças – e não só o pecado grave, mas também a falta leve, pode redundar em benefício do pecador; leva-o a tomar consciência de sua fragilidade e a mais se entregar à graça de Deus: Este resiste aos soberbos, mas atende aos humildes.

“É necessário portanto aceitar o paradoxo, que já Santo Inácio de Loyola formulava nos seguintes termos: ‘Orar como se tudo dependesse de Deus e trabalhar como se tudo dependesse de nós‘. Santo Agostinho remata esta reflexão ao exortar: ‘Que o pecador se condoa do seu pecado, e se alegre por se condoer’. Quem experimenta a dor de ser pecador (grande ou pequeno pecador) já está sendo movido pela graça. Alegre-se, pois, e continue teimando na procura da santidade, pois procurar a perfeição já é perfeição, como diz São Bernardo.”

- Dom Estêvão Bettencourt, OSB (Fonte: Mater Ecclesiae)

Muito mais do que as explicações teóricas, nada nos faz entrar melhor nos mistérios de Deus do que o testemunho. Então deixo vocês com o Rui Geraldo. Nesse vídeo de 10 minutos, ele conta como venceu a tentação de desistir de Deus por causa de seus pecados.

Bacana o vídeo, né? A produção integra um projeto de seis jovens cariocas: o BoraPartilhar.

Dayana, Raquel, Sarah (foto abaixo), Júlio, Alê e Ana Amélia tiveram a ideia de capturar em vídeo breves testemunhos – de 10 a 12 minutos – de católicos, e disponibilizá-los na web. A experiência de fé dessas pessoas, que antes ficava restrita aos seus amigos próximos e comunidades, pode reverberar agora para todos os cantos!

Vamos dar uma força pra equipe do BoraPartilhar, ajudando a repercutir esse instrumento de evangelização? Curtam a página do projeto no Facebook (clique aqui) e compartilhem os vídeos!

equipe

Voltando ao assunto do post: a percepção de nossas fraquezas pode nos afastar de Deus, nos levando a crer que não temos jeito, ou podem nos fazer ter maior desejo de Sua misericórdia, e assim oramos com mais fervor e buscamos a Reconciliação. Vigiemos!

 

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